Esperiota Magnos Castanheira recebe homenagem in memoriam

No dia 20 de agosto, sábado, o Clube Esperia realizou uma homenagem in memoriam ao poeta esperiota, Sr. Magnos Castanheira, que foi vencedor do Prêmio Nacional de Literatura do Clubes, na edição de 2021. O poema chama-se “Paisagem em Desespero”; confira abaixo na íntegra.

Com a presença de familiares de Magnos, e do vice-presidente, Eduardo Martins, o presidente do Clube, Fernando Alves, discursou sobre o legado do poeta à cultura. “A este esperiota de grande talento, o nosso eterno agradecimento pelo legado que ele deixa para o Clube Esperia, contribuindo para a valorização da cultura através da sua arte que segue presente em cada um de nós”, afirmou. 

Magnos Castanheira também foi vencedor: 

  • Primeiro lugar | Magnos A. B. Castanheira | “De profundis” | Clube Esperia (São Paulo – SP) 2020
  • Segundo lugar | Magnos A. B. Castanheira | “Pela rampa do delírio” | Clube Esperia (São Paulo – SP) 2019
  • 3º lugar: Magnos Castanheira (Clube Esperia, São Paulo-SP), “Culinária caipira” 2018
  • Primeiro lugar | Magnos A. B. Castanheira (foto) | Despertar | Clube Esperia (São Paulo – SP) 2017
  • 3º lugar: Magnos Castanheira (Clube Esperia), com “Paisagens” 2016

Paisagem em Desespero

a luz de mercúrio dos postes
perfura a névoa
e projeta na calçada
o vulto retorcido das árvores

numa nuvem de monóxido
há um trânsito congesto
e um tietê estagnado

o ar está parado
o tempo é cinzento

há uma confraternização de
bêbados
nos baixos de um viaduto

do cine odeon
cenas obscenas acenam
lúdicas e lúbricas
em néon

sacos de lixo jazem estripados
nas sarjetas dos becos

indiferente
um caminhão basculante
recolhe e tritura detritos

a brisa fria
sopra um doce perfume de maconha

meus olhos baços
filtram com nitidez
o difuso sentido das coisas

lúcido e lógico
percebo o meu fim
no colapso do dia

assombrado com minha sombra magra
penso no destino e sinto medo

trôpego e trêfego
deixo-me atropelar na consolação
numa quadra de esperança

em decúbito dorsal
estirado na pista
atrapalho o tráfego

depois
meu corpo indigente e mofino
é esquecido no chora-menino

liberta
minha alma peregrina
foge da mata escura
e voa solta
de volta para os confins de minas

e tudo continua como dantes:
o ar parado
cinzento o tempo
e enquanto o largo da misericórdia
recende a churrasco de gato
na constituição
um cheiro de óleo cru
insiste em subir do asfalto